sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Bêbados fora no Metrô

Esta semana tive de pegar o metrô aqui em São Paulo. Fazia algum tempo que não andava pelos trens subterrâneos e notei algumas coisas no mínimo bizarras.
A primeira delas foi que, logo na chegada do trem, reparei que era um trem bonito, novinho, quase reluzente, porém com uns suspeitos adesivos colados nas partes externas de todos os vagões, com um dizer dentro de uma figura arredondada e cheia de ponta (como aqueles panfletos de promoção de supermercados fuleiros): 3º NOVO TREM DO METRÔ. Aí inevitavelmente pensei, será que a cada trem que for comprado eles colocarão adesivos como estes? Imagine, “237º NOVO TREM DO METRÔ”! Eu sei, muito utópico uma quantidade dessa de novos trens na linha, mas vai saber, depois de uns 270 anos?!?!?... Mas, falando um pouco sério, é quase uma provocação essa ridícula propaganda feita por um governo (ou uma mesma corja) que se arrasta em São Paulo, no mínino, desde 1983, quando assumiu a direção do estado André Franco Montoro. Já são pelo menos 26 anos com a mesma patota lá e o nosso metrô continua com uma rede ridícula, avançando pateticamente a cada governo bicudo que se sucede.

Além disso, colocaram também umas telinhas com propagandas e pequenas notícias (que na verdade são apenas manchetes, nunca mais que duas linhas) mudas.
Bom, pelo menos são mudas, por enquanto. E o pior é que, quanto mais você evita olhar praquela porcaria, mais hipnotizante aquilo se torna. Peguei-me grudado naquela maldita tela, de forma abobada e inerte, até que um “comunicado” me tirou daquele transe: “Proibido ingerir bebidas alcoólicas e viajar embriagado no metrô”. Aquilo foi demais pra um só dia! Comecei a imaginar como vão fiscalizar as pessoas embriagadas no metrô, será que todos teremos de soprar os bafômetros ao adentrar as catracas. E outra, com a tal nova/velha lei seca do trânsito, como os bebedores voltam pra casa? Montados em garrafas voadoras? Ou ligam pro motorista do Serra dar uma caroninha? Além do que, não sei se algum advogado pode me esclarecer, mas deve ferir algum direito constitucional uma norma como essa, como a de ir e vir, ou algo do gênero.

Enfim, nossa dupla paulista Serra/Kassab deve estar vivendo uma grave crise no campo sexual e vem descontar nos sofredores habitantes que tem o desprazer de serem governados pelos mal-amados. Assim vamos vivendo
em meio ao lixo, nossas crianças são ameaçadas pelo Lobo Kassab, quequer tomas a merenda delas, e as crianças maiores vão sendo cerceadas em seu direito de mamar um mezinho pra aliviar a pressão do dia-a-dia. Vai mal...


Urubú

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Qual será a próxima?

ÁlcoolCigarroCarne – Sexo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Familiar x Estranho

É muito curioso como podemos nos sentir tão familiarizados e, ao mesmo tempo, tão estranhos a um lugar. O momento em que tomei consciência real de que estava em Berlim foi logo depois de sair da estação do metrô e caminhar, ainda completamente perdido, mas já mais calmo, por ruas tranqüilas, de bairro mesmo!, da cidade. Achei que caminhava por um bairro da periferia, tamanha era a paz do lugar (depois descobriria que aquele era um bairro bem central). Bicicletas por toda a parte, pouca gente na rua, ausência quase completa de ruídos de automóveis, muitos prédios com aparência de caixotes, uns quase iguais aos outros, apenas uma leve mudança na tonalidade dos tons papéis em suas pinturas os diferenciavam. Entro em uma “banca” de jornais, que na verdade era uma lojinha, para me situar e descobrir que rumo tomar. Descubro que estava na direção correta, mas que havia desembarcado em uma estação bem distante do meu primeiro destino berlinense, o curso de alemão. Continuo caminhando em direção a rua principal (que era tão principal que verdadeiramente chama-se rua Principal – Hauptstrasse) e o número de estabelecimentos comerciais vai aumentando. Então, quando finalmente estava na Hauptstrasse, deparei-me com algo que, apesar de nunca ter visto assim pessoalmente, foi a primeira coisa realmente berlinense e familar: o Ampelmann, que nada mais é do que o semáforo de pedestres utilizado na Alemanha Oriental. Nele as figuras simbolizam trabalhadores, com seus indefectíveis chapéus.

Ao chegar ao curso a cidade já havia se transformado em algo mais próximo da cosmopolita Berlim que imaginava do Brasil. Um centro de bairro com restaurantes, Starbucks, uma loja da rede de drogarias que vendia uma variedade de itens maior do que as Lojas Americanas (a Rossmann, que vendia chocolates Lindt a 0,70 euros), enfim, havia chegado. O curso começaria em alguns minutos e tinha que fazer a primeira refeição longe do Brasil. Aí obviamente tive o pensamento que a maioria dos turistas tem: preciso comer algo tipicamente alemão. Então fui dar uma volta nas imediações, desta vez com o olhar e o olfato calibrados para comida e, após andar uns quinze minutos fazendo um exame minucioso nas fachadas dos restaurantes, percebi que não seria ainda o momento de provar o Wurst (lingüiça, e sem trocadilhos infames, por favor) local. Por todos os lados tudo o que podia ver era restaurantes indianos, turcos, árabes, chineses, enfim, orientais em geral. Como não tinha mais tempo, voltei ao primeiro lugar que considerei entrar pra dar aquela enganada no estômago e meu tão esperado primeiro almoço com uma pizza de fast food, bem meia-boca, em frente ao curso.

Não, apesar do triste fim dessa história, minha dieta não foi a pizza e a cozinha italiana de estabelecimentos de qualidade duvidosa. Em uma das minhas primeiras andanças pela cidade pude experimentar o prato rápido típico das estações de trem (equivalente à nossa comida de rodoviária), o Currywurst, que consiste em um prato com uma lingüiça, uma porção de fritas e um molhinho levemente picante a base de catchup, que é comido normalmente em pé, à beira de um balcão, rodeado de gente com pressa e, logicamente, acompanhado pela cerveja típica de Berlim, a Berliner. Com alguma sorte um alemão, velhinho e menos carrancudo, lhe olha e solta um “Guten Appetit”- o que aconteceu comigo em meu Currywurst inaugural.

Mas, voltando ao estranhamento/familiaridade (depois escreverei um texto só falando de minhas façanhas gastronômicas), posso dizer que minha viagem foi, desde o início, marcada essas sensações antagônicas. Em meu segundo dia fui me encontrar com a mulher que seria minha anfitriã em Berlim em um restaurante chamado Café do Brasil, cheio de brasileiros. Assim, mal pude sentir o choque da terra estrangeira e já estava com o gosto (aliás um ótima comida serve-se lá), o aroma e o idioma do Brasil novamente comigo. Cruzei com brasileiros muitas e muitas vezes de formas inusitadas. Gabi, minha anfitriã alemã, hospedou muitos brasileiros nas duas semanas em que estive em sua casa, o que, junto com uma bela amizade feita com outra brasileira, Lygia, a hospedagem que recebi em Hamburgo de um alemão que falava muito bem português e a estadia na casa de minha tia Guti em Nancy e na de minha amiga Dayze em Munique, não me deixou muito tempo longe da língua de Camões e Machado.

Os trens e metrôs eram também lugares que, por onde eu passava, me transmitiam uma familiaridade incrível, principalmente os metrôs. Era um lugar onde me sentia seguro, com o mapa nas mãos nunca poderia me perder. Claro que depois de estranhar muito a ausência de catracas (desce-se a escadaria e se está na plataforma, simples assim, “se quiser” paga) e o método de abertura das portas. Não, elas não abrem automaticamente! Mas isso é algo que não se demora muito a descobrir, depois de um pequeno susto e uma alemãzinha impaciente entrando bruscamente em sua frente a apertar o bendito botãozinho do “Abra-te Sézamo”.

Bom, por hora fico por aqui. Desta vez misturei muita coisa, queria falar de uma coisa e falei de outra. Mas no boteco é assim mesmo, boêmios não conseguem controlar pauta.


Urubú

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Berlim: Primeiro choque/chopp

Bom, iniciando a série de mentiras em meus voos pela terra de Goethe e Beckenbauer, vamos lá:

"Caralho, que porra de língua esse povo está falando?” Esse foi um dos meus primeiros pensamentos chegando a Berlim depois de 400 mil horas de vôo sentado em meio metro quadrado de cadeira. Não entendia nada do que falavam a

meu redor. Parecia que em meus 2 anos de aulas de alemão (ta bom, levados não exatamente com suprema aplicação) havia aprendido uma outra língua que não aquela. Foi algo bem estranho, pois na escala em Madri ainda me sentia linguisticamente muito confortável, e no vôo de Madri a Berlim foi o mesmo. Mas aquele aeroporto foi um choque.

Primeira dificuldade: sair do aeroporto. Após dar uma volta completa em Tegel, o aeroporto redondo de Berlim (pelamor, não comparar com a Skol), não conseguia sair dali de jeito nenhum. Nenhuma cabine de informações, nenhuma cara simpática com jeito de “me pergunte”, nenhuma vontade minha de me comunicar em inglês e milhares de portões automáticos que davam para uma abertura interna do círculo da plataforma, onde só circulavam táxis que saíam do aeroporto por um túnel. Mas que diabo, não quero pegar um táxi! Depois de muitos minutos rodando com 12 quilos nas costas encontrei um posto de informações sobre transporte público. Mandei meu alemão chucrútico e o cara que entregou um papel com o que eu deveria fazer para chegar onde queria. Não que eu soubesse ao certo aonde queria ir, mas sabia que tinha de chegar em algum trem ou metrô. Ta certo, não entendi grandes coisas naquele papel, mas sabia que tinha de pegar um ônibus até uma linha de metrô, U7. Saio do aeroporto e o que vejo na placa do ônibus parado? U7. Peguei-o e tomei meu primeiro rumo em terras germânicas.

Fui direto ao meu curso de língua alemã, sem ao menos saber onde ficar. Após a aula achei um Albergue, me instalei muito bem, após uma negociação de um quarto sozinho pelo preço do quarto coletivo, e fui ao centro começar minha jornada berlinense. Sem saber direito aonde ir e sem muito tempo ainda naquele dia, parei em um bar à beira do Spree e finalmente pude saborear minha primeira cerveja no país em que iria aprender o que pode realmente ser chamado de cerveja.


Urubú