segunda-feira, 28 de julho de 2008

Já temos a prata!

Pois é, quatro anos se passaram e estamos nós aqui às véspera de mais uma Olimpíada. Muito irá se falar. Os ufanistas de plantão exaltarão nossa esplendorosa nação, vibrarão com a vinhetinha da Globo: Brasiiiiiilllll, e acreditarão que o Thiago Pereira tem chances de bater o Michael Phelps; os mais cricas dirão que isso tudo é uma besteira e que só serve pra desviar a atenção de coisas mais importantes que estão acontecendo na política e na economia (como se fosse necessário um evento desses para a nossa "isentíssima" mídia manipular as notícias e a opinião pública). No meio dos dois extremos ainda existem vários níveis de espectadores interessados, porém com visões mais realistas, e creio estar em algum desses níveis.

Antes de mais nada devo admitir que assisto muito mais televisão do que deveria. Meu gosto pelos esportes somado a TV a cabo acaba me fazendo perder horas e horas em debates inúteis e em jogos exóticos. Mas esse é um problema que tentarei resolver, após os Jogos Olímpicos é claro! O fato é que com esse péssimo hábito consigo perceber algumas manias da imprensa que irritam os espectadores um pouco mais exigentes, ou pelo menos os mais chatos como eu.

Dentre essas manias existe uma que, já há algumas edições dos jogos, me deixa louco. Como já disse anteriormente não sou nenhum ufanista, porém se dissesse que não torço pelos brasileiros estaria mentindo descaradamente. Dentro dessa torcida um comentário recorrente nas transmissões, principalmente nas da número um em audiência, me irrita profundamente, é o famoso "já temos a prata". Caramba, o galego (ou a galega) treina uma vida toda pra chegar a uma final olímpica, vai disputar o maior título que um atleta pode ganhar, e o maldito narrador me vem com essa mensagem derrotista e contábil, fazendo somas em quadro de medalhas. Não estou querendo dizer que a prata não seja uma medalha honrosa, longe desvalorizar alguém que é o segundo melhor do mundo em uma determinada modalidade, mas, já que está na final, é óbvio que o cara vai dar o sangue pra levar o título. Então ver o maluco ganhar um semi-final olímpica e o débil mental do narrador me soltar que ele já tem a prata é algo deveras irritante.

Outra coisa que irritou neste ano, no que se relaciona aos jogos de Pequim, foi a questão do Tibete. Não vou nem entrar na discussão do regime chinês e do que acontece na região do conflito, só me pergunto uma coisa: será que se os jogos fossem em solo estadonidense veríamos tantas celebridades e pessoas influentes criticando o país organizador e pregando boicote aos jogos? Creio que não. A sorte da organização, uma sorte mórbida aliás, foi as tragédias dos terremotos seguidos de inundações, acontecidas na China há alguns meses, que viraram o foco da imprensa mundial. Hipocrisias à parte, tudo indica que os jogos ocorreram normalmente.

Bom, nas próximas semanas estarei hipnotizado diante da minha TV, assistindo a maior competição esportiva do planeta, procurando todas as gafes do Galvão Bueno (o que, aliás, não me dará muito trabalho) e, é claro, torcendo pela nossa verde e amarelinha (exceto no futebol masculino). Aliás, minha hipnose em minha TV não será total, ou vocês acham que os jogos olímpicos não serão uma ótima desculpa para uma boa botecada por aí?


Bom, passa a régua e empresta um bafômetro.



Urubú.

Um comentário:

Maria Augusta disse...

Concordo em gênero, número e grau, toda esta história de boicote tem como objetivo de "quebrar a crista" da China, que está estrangulando a economia mundial com seus produtos baratos, copiados e de má qualidade, não tem nada a ver com o Tibet (esta é uma outra questão, não conheço suficientemente o assunto para dizer quem tem razão) ou com os JO.
E cuidado aí no boteco, se for dirigir passa no bafômetro antes de pegar o carro, hein?
Beijos.