quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Maradona x Dunga

E Maradona assume finalmente a direção da seleção argentina de futebol.

Muita gente tem criticado, dizendo que é o mesmo erro que a CBF cometeu ao entregar pro Dunga o cargo na seleção canarinho. Talvez, mas a verdade é que ver Dieguito de volta a ativa será ótimo! Num mundo futebolístico cada vez mais sem sal o pibe de ouro chega como um tempero bem apimentado e promete trazer muito interesse e emoção por onde passar com sua equipe.

Só o fato de Maradona ter sido uns dos maiores jogadores da história do esporte bretão (pros hermanos o melhor) e de Dunga ter sido, no máximo, um jogador mediano, que por circunstâncias bem específicas e uma boa dose de sorte ter ganhado uma Copa do Mundo, já coloca muralhas diferenciais intransponíveis entre os dois. Além disso, Dunga, no cargo de técnico, é apenas mais um macaquinho amestrado com cara de mau da CBF e de Ricardo Teixeira, repetindo um discursinho ensaiado e previsível. Já Diego, como já lhe é peculiar, deverá dar muita matéria para jornais com entrevistas bombásticas e polêmicas, não se omitindo a dar suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, de dentro e de fora da cancha desportiva.

Dunga é o almofadinha, o CDF da sala que faz de tudo pelo reconhecimento do professor, o puxa-saco do chefe que morre por um sorriso benevolente sonhando com uma promoção futura. Diego é o garoto encrenca, o moleque que cabula as aulas pra bater uma bolinha, o camarada certo na mesa do boteco falando bobagens ou afogando as mágoas. Maradona é o ídolo humanizado, como os deuses da tradição helênica, o que o traz para perto de nós, fazendo-nos admirá-lo mais e mais. Ao contrário, por exemplo, de nosso ídolo Pelé, que faz de tudo para manter uma áurea de virtuosidade que todos sabemos que ninguém suficientemente humano tem. Assim, cada incidente que o envolve traz consigo um escândalo manchando sua imagem de bom moço, aumentando a dor e o luto de suas viúvas que ainda guardam na memória os gols de anjo e os socos no ar.

Enfim, Maradona pode até não acabar se saindo bem como técnico, mas fará um bem, ou ainda, um favor enorme ao futebol, tão carente de figuras interessantes como ele.

Urubú

domingo, 26 de outubro de 2008

Pensamento da semana (ou dos próximos 4 anos)

O povo escolheu: São Paulo nas mãos do DEMo.

E seja o que deus quiser!


Urubú

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Maravilhas irritantes: um elogio a maledicência

Estava aqui pensando: como é bom que as coisas as quais odeio existam!

Sim, é verdade! Parece paradoxal? Incoerente? Não sei. Também achava, mas talvez não seja tanto.

Já reparam quanto tempo as pessoas perdem falando mal das coisas e, principalmente, das outras pessoas? Você mesmo, já fez uma auto-avaliação quanto a isso? Fiz um exercício desse tipo e vi que uso boa parte do meu tempo falando mal dos outros ou das coisas. Mas o mais interessante é que cheguei à conclusão que isso faz um bem danado. Alivia o stress, aguça o humor (mesmo que sarcástico), desfaz as tensões internas e o que é mais importante: dá muito papo nos botecos desse mundão de meu deus.

Você já parou pra pensar quanto tempo da sua vida você já dedicou criticando aquele cantor sertanejo ou descendo a lenha naquele funkeiro lazarento? Ou ainda maldizendo aquele mala pseudo-intelectual puxa-saco da sua sala que quer mostrar pro professor que está inteirado no assunto? Eu mesmo já esvaziei tulipas e tulipas de chopp descascando a sem graça da Ivete Sangalo e metendo o pau no irritantemente arrogante Arnaldo Jabor. Isso faz um bem danado! Imaginem se fossemos meter a mão na cara de todos os que não gostamos. O mundo seria infernal. Assim, nós aliviamos nossas raivas e descarregamos nossas pressões internas através desse ato de maldizer, que no fim é uma atividade social. Daria um estudo sociológico, hein: A maledicência como fator de interação social.

Mas é bom deixar claro que, apesar de ser ótimo maldizer as pessoas, deve-se sempre manter a boa educação e a elegância. Como nos ensina o mestre Ariano Suassuna, ao contrário do que nos diz o senso comum sobre a dignidade das atitudes, não é de bom tom falar mal das pessoas na cara. Afinal, não custa nada deixar ela virar as costas para dizer o que realmente pensa dela.

Enfim, hoje é dia de contradição. Não vou falar mal dos sertanojos, dos axezeiros, dos Arnaldos Jabores ou dos Humberto Gessingers da vida. Ao contrário, saudarei e brindarei suas existências. É graças a essas criaturas que minha vida tem mais graça e o papo botequeiro fica mais animado. Salve tais maravilhas irritantes!


Urubú

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Enfim uma boêmia!

É com imenso prazer que apresento nossa primeira colaboradora: Coca.
Como ela mesma diz no texto que segue, chegou para dar um toque feminino e de bom gosto ao blog, que hoje é tomado pelas tosqueiras e bobagens minhas e do 3M.
E sem mais delongas vamos ao texto de estréia da mais nova boêmia maldita.


Urubú

Odeio Surpresas

Sim, é verdade. Numa mesa de bar, vira e mexe cai nesse assunto. E sou sempre reprimida. Vou explicar.

O seu aniversário chega e você fica toda animada. Afinal, é péssimo se sentir mais velha, mas isso é compensado pelo carinho dos amigos. Mas eis que passa 10h, 11h, meio-dia e ninguém te deu sinal de vida. Você começa a ficar chateada. Daí toca o telefone e é engano. Toca outra vez e finalmente é alguém que se lembrou – aquela tia-avó do interior que nunca falha. Às 19h, você chega em casa chorando, deprimida, afinal passou o dia todo se lamentando e... TCHANAN todos estão lá. Você finalmente solta um sorriso, porém discreto, afinal o seu dia de aniversário foi um lixo. E ainda tem que agradecer, para que as pessoas não se sintam desvalorizadas. Valeu à pena?

Eu já passei por uma experiência frustrante. Depois de ficar 6 meses no exterior, iria voltar ao Brasil. Avisei amigos e familiares, mas todos responderam meus e-mails alegando que, infelizmente, não iriam me buscar. Fiquei péssima. Liguei pro meu pai para desabafar e, ao perceber que eu estava mal, acabou me revelando a surpresa. Ufa!

Cheguei dias depois do meu aniversário e todos estão me esperando. Logo na sexta-feira seguinte estava convidada para uma festa surpresa de uma amiga. Ao chegar ao local, estava tudo apagado. Achei que iam me confundir com a aniversariante. Quando as luzes se acenderam descobri que a aniversariante era eu! Adorei!!! Realmente aquilo não passou pela minha cabeça. Aí sim, foi uma surpresa-nata (e aí, como fica esse hífen com as novas regras da língua portuguesa?) e dessa eu sou a favor.

Gosto apenas de surpresas quando não se espera nada. Aí, se não vier, nenhuma esperança será perdida. Mas nada de maridos que esperam até 20h para dar os parabéns pessoalmente, amigos que se fazem de desentendidos, ou amantes que deixam um bilhetinho na sua bolsa e quem acha é o seu namorado.

Chega de papo. Espero ter sido compreendida em meio a essa gente bêbada tentando filosofar. E pode fechar a conta, por favor!


Coca (ou 4M - Mina do 3M)

Ps. Não, eu não tenho amante.