segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um lugar para se conhecer e um para se esquecer

Com esta postagem iniciamos aqui no blog algo que desde que pensamos em compatilhar nossas idéias aqui queríamos fazer. Escrever sobre nossas impressões sobre os botecos e afins por onde passamos. Assim podemos ajudar os doidos que por aqui passam a evitar algumas roubadas e a conhecerem lugares bacanas também. Sem mais delongas aí vão uma roubada e um lugar pra se conhecer:


Ó do Borogodó

Se você gosta daquele samba tradicional, de um lugar gostoso pra curtir um som, onde você é bem tratado e sai com vontade de voltar e levar mais amigos lá, não vá ao Ó do Borogodó. Estive na badalada casa na não menos badalada Vila Madalena recentemente, após ouvir as mais diversas opiniões sobre o lugar, boas e ruins, e pude verificar que as más referências eram infelizmente as verdadeiras. Em pouco tempo vivi uma verdadeira saga por lá. Após ficar mais de uma hora na fila, vendo pessoas se utilizarem de engenhosos artifícios para poderem entrar sem passar pela famigerada, finalmente consegui adentrar o recinto. Uma vez vencido o desafio de entrar, pude reparar que até existem mesas, daquelas simpáticas, de ferro, mas sentar é algo que beira o impossível, dada a superlotação do local. Dançar? Bom, se você é uma pessoa que tem o mínimo de educação e preza pelo respeito ao espaço das pessoas, também não vai arriscar isso. Nem preciso dizer que muitas pessoas que lá encontrei não têm o perfil mencionado. Pegar uma cerveja é um desafio onde é preciso demonstrar todo seu equilíbrio, sua destreza em desviar das pessoas que te espremem e sua paciência para não empurrar ninguém que compartilha da mesma luta que você.

Algum tempo, não muito, sobrevivendo nesta faixa de gaza resolvo ir embora, já que o repertório, que esperava que pudesse salvar a noite, era um verdadeiro samba do crioulo doido (no pior sentido). A casa se gaba de apresentar ao público samba tradicional (não uso o termo raiz, porque você sabe como ele já está batido e mal empregado), mas o que se ouve lá é uma miscelânea incompreensível de ritmos e compositores que até agrada bastante gente, mas que decepciona quem vai com o espírito preparado pra curtir um bom sambão e ouvir Cartola, Candeia, Nelson Cavaquinho, Adoniran, Geraldo Filme e Noel, uma vez que eles partilham a idéia, que virou senso comum, de que Chico Buarque é sambista.

Quando achei que já me decepcionara o bastante, fui tentar pagar a minha conta. Então o que parecia impossível aconteceu, a disputa de espaço se acirrou ainda mais. E pra paciência acabar de vez, juntou-se um grupinho próximo ao caixa que claramente montou um verdadeiro esquema de furada de fila. Enfim, poucas vezes fiquei tão feliz em sair de um lugar como este dia.

Saudades do samba de São Mateus!


Bar do Biu

Bom, mas a vida não é feita só de desgraças. Também recentemente uma amiga me apresentou o Bar do Biu. Localizado na esquina da Cardeal Arcoverde com à João Moura, em Pinheiros, o bar é um ótimo lugar para encontrar os amigos, tomar uma cerveja e comer um petisquinho. Com um clima descontraído e público jovem - devo até dizer, um tanto mais jovem que eu e que 3M, que levei lá pra conhecer também – o Biu ganha pela simpatia. Simpatia do local, dos freqüentadores e do garçom que, apesar de sobrecarregado, dá conta do recado. Tudo bem, a cerveja demora pra chegar as vezes, mas chega sempre gelada com um sorriso que serve meio que como um “desculpe pela demora”, ou mesmo com um “caramba, esqueci a sua! já está vindo!...”

Em determinado momento, duas ou três mesas ao lado da qual estava sentado com 3M, um grupo apareceu com um violão. Eu, com minha ranhetice já pensei: “pronto, vai começar!”. Mas, para minha surpresa, os caras tiraram um som bacana, uns sambas, uns Chicos Buarque (aí sim no contexto certo), e sem abusar da paciência dos outros freqüentadores. Também fizemos amizade com um casal na mesa ao lado. Enfim, isso é pra tentar dar uma idéia da simpatia que emana do Bar do Biu. Como pode ver pela repetição da palavra, essa é a que define o boteco da Cardeal com a João Moura: Simpatia. Vale a pena passar uma tarde por lá.

Reza a lenda que a feijoada de lá é muito boa, mas ainda não experimentei. É, já tenho uma desculpa para voltar...


Urubú

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