quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Jornada gastronômica na gringa

Voltando à saga no velho mundo, quero agora compartilhar minhas experiências gastronômicas. Não, infelizmente meu orçamento nessa viagem não me permitiu freqüentar a alta culinária alemã ou francesa. Mas aquela comidinha de buteco, aquele enche-bucho que comemos antes das “loiras”, eu pude conhecer bem. Já contei aqui meu primeiro contato com o mundo gastronômico alemão, aquela pizza sem graça da Hauptstrasse. Mas depois de alguns dias em Berlim finalmente pude perceber que a iguaria italiana não é o prato típico da cidade, tampouco o mundialmente difundido salsichão. Na verdade, a típica refeição rápida da capital alemã é o Döner Kebab. Apesar do trema, não parece um nome lá muito teutônico, não é? Pois não é mesmo. O prato berlinense típico não é alemão, e sim turco. A colônia turca em Berlim é extremamente numerosa (e incrivelmente simpática, diga-se de passagem) e possui inúmeros restaurantes, em sua maioria de comidas rápidas e “pequenos” lanches, é algo que realmente impressiona. Atravessar um quarteirão de uma região razoavelmente comercial na cidade sem se deparar com uma ou duas casas dedicadas às iguarias orientais é praticamente impossível. Esses restaurantes caíram no gosto do Berliner e estão sempre com muito movimento, especialmente à hora do almoço, nos happy-hours e naquele famoso esquenta pra butecar.

Dentre as delícias servidas nos “turcos”, a mais pedida é o acima mencionado Döner Kebab. Pra quem não conhece, como eu também não conhecia, o Döner (para os íntimos) consiste em uma combinação de carnes, especialmente carnes de porco, misturadas com alguns legumes, como pimentão, cebola, tomate e pepino, que assam em um espeto preso na vertical. Não visualizou? Imagine aquele churrasquinho grego da avenida São João que você (nem eu) nunca teve coragem de comer. Aquele mesmo, que vem com um suco grátis por apenas por um real. Pois é, é igualzinho, mas servido enrolado por um maravilhoso pão sírio. Uma delícia! E monstruosamente grande! Não sei se o da São João é tão bom, provavelmente continuarei sem coragem para tirar essa dúvida.

Mas o prato turco que realmente me conquistou foi o Falafel. Um bolinho arredondado com a consistência semelhante a do quibe, mas feito sem carne. Uma amiga alemã, que me levou a um restaurante turco (slow-food), sugeriu-me um prato com o nome “Vegetarianisch alguma coisa”. Bom, quem leu o manifesto carnívoro sabe a bronca que tenho com esse tipo de coisa. Pois bem, depois de muito olhar aquele cardápio sem entender bulhufas resolvi, muito cabreiro, aceitar a sugestão de minha amiga e pedir o bendito vegetariano. E posso dizer que foi uma das melhores escolhas que fiz nessa viagem. Era uma prato com cremes e saladas sortidas com os magníficos Falafels coroando essa belíssima mistura turca.

Além de minhas descobertas orientais, também pude provar o famoso Currywurst, do qual já falei em um post anterior, que é bastante encontrado pelas ruas de Berlim (não tanto quanto o Döner, é claro). Em Munique, tive a estranha experiência de descobrir no meio de um almoço, informado pelo casal da mesa ao lado da minha, que aquela carne que estava comendo, que pelo que havia entendido do cardápio era carne de porco, e não sem alguma razão, era mais precisamente a língua do porco. Em Paris provei uma iguaria típica, mas não francesa. Comi uma deliciosa Paella em um buteco ao lado do hotelzinho barato que me hospedava. Em Hamburgo degustei uma vasta qualidade de queijos comprados diretamente da fazenda que os produziu. O mais incrível dessa história é que a geladeira na qual os queijos são armazenados e expostos à venda fica em um lugar sem trava e sem funcionário algum tomando conta, e com um lugar para se depositar o valor de sua compra e, inclusive, se necessário, pegar o troco do dinheiro depositado por outros clientes. Isto realmente foi inacreditável!

Mas acho que o que realmente cativou meu paladar nesta jornada foi um prato típico alsaciano que minha tia, moradora a alguns anos da região, me apresentou em Estrasburgo, o Flammeküche. Uma espécie de pizza, mas com a massa bem fininha e bem crocante, coberta com um queijo, cremoso e leve, cebolas, cogumelos e bacon. Este Flammeküche regado a uma boa cerveja de trigo da região é, verdadeiramente, um convite a perdição! Na Alsácia também pude provar a melhor cerveja da minha vida, mas esta história merece outro tópico. Por enquanto fico por aqui, com água na boca e saudades dos gostos dessas terras distantes.


Urubú

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