quinta-feira, 1 de maio de 2008

Apologia à vadiagem


Não, hoje não é dia do trabalho. Em 1886, um grupo de trabalhadores que lutava por direitos trabalhistas foi assassinado pela polícia yankee. Não me alongarei nessa história tão conhecida, porém sempre ignorada pelos meios de comunicação que insistem em disseminar aos quatro ventos que 1º de maio é o dia do trabalho. Dia 1º de maio é dia do trabalhador, em homenagem a esses bravos trabalhadores.

Só quero com isso deixar claro meu repúdio a essa manipulação feita para alardear essa ideologia do trabalho. Será mesmo que o trabalho dignifica o Homem?

É senso comum acreditarmos que uma pessoa honesta e honrada tem um trabalho. Por que? Diz-se que alguém decente deve manter-se, e a sua família, exercendo um trabalho útil a sociedade. E que o nível de sua dignidade é diretamente proporcional a quantidade de tempo que esse indivíduo passa trabalhando. Natural? Pois é, nem sempre foi assim. Na antigüidade o trabalho era considerado indigno, e era exercido pelos escravos ( a própria palavra "trabalho" tem origem latina, tripalium, que era um instrumento de tortura romano). Assim, as pessoas livres tinham tempo livre de sobra para passar os dias a beber vinho e filosofar. E nossa laboriosa sociedade é baseada nos conceitos criados por esses gregos bêbados e vagabundos.
Até a idade média o trabalho era regrado pela natureza. Começava-se o dia com o sol e terminava-se quando ele se punha. Épocas de plantação e colheita determinavam o quê e quando fazer.

Tá bom, eu sei que vivemos em um chamado "mundo moderno", que a industrialização mudou tudo, que hoje nos regramos pelo relógio, time is money, blá, blá, blá. Sei de tudo isso. Mas não me venham com este papo de liberdade. Ela não existe! Não existe integralmente a ninguém e só a exerce minimamente quem não tem preocupações com dinheiro. Os outros 99,9% das pessoas estão presas a esse compromisso. Ou você trabalha ou está condenado a não viver (considerando nossas leis e nossa moral, é claro). Essa idéia me causa uma profunda agonia. Viver preso a esse eterno compromisso é algo que contraria qualquer conceito de liberdade.

Recentemente assisti a uma palestra do senador Eduardo Suplicy, onde ele explicava seu projeto de Renda Básica da Cidadania, que, a grosso modo, garante uma renda de sobrevivência digna, de mesmo valor, a todos os cidadãos, do mendigo ao mega empresário. A partir disso, comecei a refletir sobre os tais conceitos de liberdade e valorização do trabalho. Creio que essa seria uma forma de nos aproximarmos de algo parecido com a tal liberdade. Quem quiser luxo, que trabalhe.

Quero ser uma bêbado vagabundo, se assim o pretender. Ser honestamente vagabundo, eticamente incorreto, como diria um grande amigo. Quem sabe se um desses bêbados vagabundos, devidamente financiado pela sociedade, não possa criar as bases de um mundo menos injusto e cruel?


Urubú

8 comentários:

Bruno Moura disse...

Nossa, que du Caraiu mew! Parabenss

Gustavo Ruzene disse...

nossa...
mas sera que tanta gente assim trabalha por dinheiro?
acho que 99% é um exagero...
sei que grande parte sim...
faz do trablho uma tortura...
nao que trabalhar deixe uma pessoa melhor...mas o trabalho quando nao é estritamente com visao financeira... pode ser relaxante e prazeroso...
e quando é assim...nao consideram trabalho...
no meu caso...musico...
"ah...mas voce trabalha com o que?"
"eu sou musico"
"nao, digo trabalho..."


nao preciso nem comentar isso...
abraços

Boêmios Malditos disse...

Concordo plenamente Gustavo.

O que quis dizer é que as pessoas não tem opção. Eu também gosto do meu atual trabalho, mas não tenho a opção de ficar sem trabalhar.

Trabalhei muito tempo com algo que não gostava, estava em um ciclo vicioso do qual não conseguia sair e isso me fez pensar muito no assunto.

Enfim, a questão é a escolha, a liberdade.

Abraço!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Anteriormente peço desculpas por apagar meu post anterior. Depois de postar verifiquei dois erros de português, e sabe como é professora ....rs.... não aceita isso de jeito nenhum.

Pra mim todo mundo pode fazer o que quiser.

A escolha pela "liberdade" de não trabalhar é de cada um. Só que toda escolha tem um preço.

Se todo mundo escolhesse não trabalhar, hoje seríamos muito menos evoluídos, e talvez mais tranqüilos.

Tudo tem muitos lados! (ou, pelo menos dois)

Eu amo meu trabalho, e apesar de não concordar com a baboseira de que o trabalho dignifica o homem, acredito que o trabalho te faz melhor pra si mesmo.

Eu amo ensinar, e mesmo que não fizesse isso por dinheiro, faria por opção, pelo PRAZER de me sentir realizada, que é o mais importante pra mim.

Boêmios Malditos disse...

O problema é que o preço a se pagar pela liberdade anda muito caro. O que proponho é um subsídio.

E tenho certeza de que não haveria uma evasão em massa do trabalho.

Ah, e não acho que escolher entre a servidão e a miséria seja realmente uma escolha. Mas, enfim, respeito sua opinião.

pk disse...

cara
te amo
HUSAHUaSUHhuashuaSHU
do caralho
muito bom o texto
ai mais quando fala de alcool

Juliana disse...

Adorei o estilo do blog!