sexta-feira, 23 de maio de 2008

Manisfesto Carnívoro

Cada época tem sua moda. Os anos 60 viu a liberação sexual, os anos 70, as danças exageradas e o gosto musical duvidoso, nos 80 foram as maquiagens e os cabelos que poluíram o mundo com sua sobrecarga, no final dos 80, início dos 90, o último movimento musical autêntico foi quem ditou a moda. Enfim, algumas modas vêm pra dar mais graça ao mundo, deixar as coisas por aqui mais interessantes, enquanto outras são lançadas sobre a Terra como forma de purgar seus habitantes. Algumas tendências atuais ilustram bem esses castigos que alguns gênios da estética lançam e a população, como que por um poder hipnótico de alguma força superior, compra.

Comecemos com essa história de culto ao corpo. Hoje, a beleza das pessoas é diretamente ligada à massa muscular, no caso masculino, ou a quantidade de gordura corpórea, quando a questão envolve as mulheres. Pra se alcançar o corpo dos sonhos é necessário horas e horas de academia, puxando ferros, fazendo movimentos repetitivos e entediantes, cercado de toda a sorte de narcisistas e pessoas desinteressantes (claro que há exceções, mas são exceções). Juro que até tentei, em remotos tempos, começar a praticar musculação, mas não passei do segundo dia, era insuportável. Com a exigência de tempo que a vida moderna demanda de nós, precisamos fazer opções e, rotineiramente, essas opçõs devem ser feitas entre o corpo ou o intelecto. O corpo vem ganhando o embate.

Esse culto ao corpo é eufemisticamente chamado por seus adeptos de cuidados com a saúde. Acontece que a saúde, até onde eu entendo, envolve corpo e mente, e, com essa escolha pelo corpo em detrimento da mente, a famosa frase de Juvenal, Mens sana in corpore sano vem sendo desprezada e perdendo seu sentido. E para se ter uma mente sã neste mundo maluco, nesta cidade caótica, é preciso de um escape para nossa cabeça cansada, estressada, um dos melhores métodos é uma boa botecada com os amigos. Pois bem, e não é que há uma campanha contra o álcool procurando ganhar força com esse discursinho de saúde e não sei o que mais. Felizmente esses moralistas parecem não estar conseguindo tantas adesões assim, ao considerarmos o número de botecos, de vários estilos, que aparecem na cidade a cada dia, especialmente na Vila Madalena. É impressionante! E todos eles com gente saindo pelo ladrão, até nos dias mais incomuns.

Mas o que mais me tira do sério, e também o que me motivou a escrever essas estressadas linhas, é essa onda de vegetarianismo. Nada contra as pessoas que decidem passar suas vidas comendo mato e raízes, mas quando isso passa para um âmbito quase que religioso, como está acontecendo, aí começa a me afetar. Eles vêm como em uma pregação, querendo impôr uma doutrina. Olham para nós, comedores de carne, com desprezo, como se estivéssemos cometendo algum crime hediondo. "Não como nada que tenha um rosto": esse é um adesivo automobilístico que me desperta os sentimentos mais ambíguos. Quando estou de bom humor eu dou risada e faço chacotas mentais dentro do meu carro, já quando estou de mau humor, naquele trânsito danado típico de São Paulo, profiro alguns adjetivos simpáticos para estravazar a raiva. E o discurso de defesa da ideologia chamada "Vegan" então, dizendo-se ecológico e a favor da vida, é mais paradoxal do que qualquer discurso religioso. Se é em favor da vida, as plantas também são seres vivos, pelo menos foi o que aprendi lá na escola, tudo bem que faz muito tempo, mas não vi nos jornais, desde então, nenhuma grande descoberta científica que refutasse essa teoria. Devem viver de água e luz solar. Isso sem contar a história da soja, que substitui a necessidade de carne que o corpo tem. A mesma soja que é plantada por latifundiários inescrupulosos que estão acabando com a amazônia. É como disse recentemente o novo ministro do meio-ambiente, Carlos Minc, há alguns dias atrás: "se deixarmos, eles plantam soja até nos Andes". Isso tudo sem falar na necessidade do corpo humano pela carne, não vou entrar a fundo nesse mérito por minha falta de competência nele (não que tenha nos outros, mas neles sinto-me mais a vontade para meter o bedelho), mas me parece que o ser humano tem a necessidade de suprir o corpo com elementos presente nela, se não fosse assim, porque não somos herbívoros? Não acredito em uma evolução da espécie bem agora.

Bom, no fim das contas o que realmente interessa é o prazer. A carne dá prazer, muito prazer! Aquela picanha, assada no ponto certo, tostadinha por fora, rosadinha por dentro, com um resquício de sangue que desce com a agreção da faca ao cortar um sucelento pedaço, que será saboreado logo após um refrescante gole daquele choppinho maravilhoso, devidamente tirado, com seu colarinho cremoso. Ah, pelo amor de Krishna, disso eu nunca me privarei. E aconselho a vós, irmãos, que também não o façam. A vida é muito curta pra ser vivida com tamanhas privações desses pequenos prazeres.

Juvenal, traz a saidera!


Urubú

2 comentários:

Maria Augusta disse...

Urubu, que sacrilégio comer carne! Você não sabia que o "pum" da vaca é o responsável pelos gases que causam o efeito estufa???
Beijos.

Fernando Lima disse...

Tudo bem, odeio frio rs.