terça-feira, 6 de maio de 2008

Monólogos solitários antes do último gole

Às vezes tenho um estalo e penso como os nativos tupiniquins lidam com a solidão em uma mesa de bar. Acredito, após várias “monodiscussões” (pois o meu companheiro de blog não estava neste momento), que o Bar pode ser um grande lugar para a reflexão e in-reflexão. Vamos aos fatos:

Cidade de São Paulo, o cinza que cobre o céu e o asfalto, a fina garoa com poluição que escorre pelo cabelo, o stress do dia-a-dia a cada esquina, os semáforos tentando comunicação inutilmente, o sentimento de solidão entre milhões de pessoas que preferem morar no caos a de procurar outro lugar. Mas o que sustenta todo o bom senso antes que a própria população cometa um genocídio ou uma conversão em massa para alguma igreja, católica ou evangélica???? A resposta é simples e encontra-se abaixo dos meus tênis imundos: O Bar!

Todos os freqüentadores de bares são amigos mútuos antes de beber (imagem depois de alguns copos). Todas as divergências são discutidas sem nenhum problema (até mesmo a tríplice do mal: Futebol, Política e Religião), com argumentos sofisticados e criativos. Claro que no dia seguinte muitos não se lembraram de nada, a não ser da terrível dor de cabeça. Grandes pensamentos ou até a resolução dos problemas no mundo, do futebol, da igreja, de Israel e da Palestina serão apagadas com um simples ENGOV (nos próximos capítulos discutiremos este remédio do mal, criado pelo Capitalismo), mas quem se importa? No dia seguinte iremos ao mesmo bar e discutiremos as mesmas coisas e chegaremos a conclusões iguais ou diferentes (manda um ENGOV!!!!!). Isso é reflexão! O bar mantém o seu maior pesadelo longe. Acho que todos os donos de bares deveriam formar-se psicólogos ou sociólogos. Adeus a solidão!!!!!

Tudo ótimo, tudo bom, mas vamos para as in-reflexões. O bar não ajuda em nada à distância de alguém especial. Aquele alguém que tem nome, que tem o seu telefone, que já freqüentou a sua casa, que te ajudou nos piores e melhores momentos. O bar está cheio de pessoas, mas ao mesmo tempo está vazio. A cada hora que passa no relógio acima da bancada das bebidas a sensação de solidão o acompanha. Ninguém ali conseguirá criar soluções milagrosas ou pior, nem o ENGOV (ou milhares de Engovs) farão a sensação sumir... Pior, tudo no bar fará você lembrar a pessoa: as azeitonas pretas serão os olhos, as cervejas geladas serão os pés dela numa noite fria, as frutas da caipirinha serão seus lábios...

Podemos, ou não, encontrar as respostas em um bar na cidade cinzenta ou, se preferir, faça o que eu faria: “- Fecha a minha conta, que eu tentarei mais uma vez consertar as coisas do mundo ou do meu mundo!!!”

Obs: não se esqueçam de conferir a conta, pois nos momentos de in-reflexão, os donos dos bares tornam-se sádicos sem coração e cobram coisas que você não consumiu.


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